16.4.10

Jack Herer 1939 - 2010



Acima, Jack Herer em duas versões



Ontem, dia 15/04/2010, faleceu em Eugene, no Oregon, EUA, o histórico ativista pela legalização da maconha Jack Herer.
Ele nasceu no seio de uma família judia de classe média um pouco depois que a maconha foi proibida naquele que nos USA.
Perdeu o pai de 41 anos aos 14. Alistou-se no exército aos 17, tornando-se MP (polícia!!!) no pós-guerra da Coréia.
No meio dos anos 1960, já fora da vida militar, Jack levava uma vida típica de classe média, com três filhos e uma casa em San Fernando Valley, Califórnia. Era então um republicano tradicional, orgulhoso de ser norte-americano

- "Acreditava que a América era o bem, local onde existiam as pessoas mais decentes do planeta" -

e apoiador de Barry Goldwater (um dos maiores defensores do combate ao comunismo no mundo), cinco vezes senador do Arizona e major general da Força Aérea. Jack chegou a apoiar a intervenção militar (leia-se guerra) no Vietnã.
Nessa época, Jack Herer sentia antipatia pela maconha e a contra-cultura. Tinha saído do mesmo molde que formou grande parte da classe média branca americana.
Ele se divorciou em 1967 e, já beirando a terceira década de vida, uma namorada lha ofereceu a erva maldita.

Então pegou, tragou, prensou e soltou...

Sua primeira reação foi: Por que é que isto é ilegal???????

A partir daí as palavras soadas das bocas contraculturais passaram a fazer outro sentido.
Já na década de 1970 publicou o livro G.R.A.S.S. - Great Revolutionay Amerian Standard System. A obra vendeu 35.000 cópias na cena underground da Califórnia.
Nessa época a disposição de informação era muito limitada e o próprio Jack sentia que sabia muito pouco sobre a canabis e seus usos.
Em 1974 ele teve uma visão reveladora: O cânhamo poderia salvar o mundo. Tudo o que é feito de petróleo e árvores poderia ser feito com cânhamo. Combustível para carros, fábricas e centrais elétricas poderia ser retirado da biomassa da planta. O papel seria tão bom que não amarelaria com o tempo.O cânhamo poderia ser utilizado também para produção de tecido com uma fração muito menor de químicos nocivos do que originados no processamento de madeira e algodão.
Jack Herer de repente visualizou o mundo salvo da poluição, das chuvas ácidas, aquecimento global, desmatamento...
E todo mundo tirou ele de louco!
Em 1979 abriu, com seu parceiro Captain Ed a primeira loja de cânhamo, para venda de tecidos e artefatos.
No início dos anos 1980, já na era Reagan (que dizia que maconha causava danos cerebrais irreversíveis em rodas de whisky) a repressão se intensificou e Jack Herer foi detido sob acusação de sabotagem em tempo de guerra. Ele estava discursando sobre o cânhamo. Recusou-se a pagar uma multa de cinco dólares e foi a julgamento.
Em 14 de julho de 1983 Jack Herer apresenta-se para cumprir pena em prisão federal ao lado de ladrões de bancos e outros anjinhos.
Em 1985 lança The Emperor Wers No Clothes - The Authoritative Historical Record of The Cannabis Plant, Hemp Prohibition, and How Marijuana Can Still Save The World.
O livro foi traduzido em Portugal como o Rei Vai Nu e pode ser comprado no Brasil aqui.
Esse livro é um clássico e é elementar para a compreensão do paradigma canábico.
Nos anos 1990 foi homenageado pelo banco de sementes holandês Sensi Seeds com uma variedade genética que levou seu nome e que é receitada por médicos na Holanda.
Em 15 de julho de 2000 Jack Herer sofreu um ataque cardíaco acompanhado de trombose e ficou impossibilitado de falar e de mover o lado direito de seu corpo. Ele se recuperou e em 2004 revelou que o seu tratamento era através do cogumelo Amanita Muscaria, aquele vermelho de bolinhas brancas, em pequenas doses ao longo do dia, tomado juntamente com maconha. Segundo ele essa assossiação ajudou a recuperar sua capacidade de falar.

Em 2009 foi acometido por outro ataque cardíaco que o deixou em coma induzido por alguns dias. Depois disso, consciente, ainda lutou por sete meses uma batalha que terminou na fatídica manhã de 15 de Abril de 2010.

Jack Herer foi a prova viva de que idéias podem mudar. A informação não pode deixar de circular. Não adianta nada um livro parado na estante. Não adianta nada uma mente cheia de informações e boas idéias se for só por vaidade. É melhor morrer na ignorância do que saber algumas verdades ocultas e guardá-las para si.

A morte de Jack Herer é uma perda, mas agora cabe a quem fica não deixar que a brasa acesa por ele se apague.

Rest in peace Jack!
1939 - 2010

Still smokin'

2 comentários:

Tiago Reis (aka Dr.Diamba) disse...

ERRATA: em 2003, o nome de Jack Herer foi imortalizado no "HALL OF FAME OF COUNTERCULTURE" (hall da fama da contracultura) da CANNABIS CUP AMSTERDAM, evento promovido pela revista HIGH TIMES; a "strain" Jack Herer existe no banco holandês "Sensi Seeds" desde a década de 90, tendo recebido vários prêmios na CANNABIS CUP.

VIVA JACK HERER!!! VIVA DIAMBA!!!

umi oju disse...

Corrigido!